quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Morre lentamente quem não viaja


"Morre lentamente quem não viaja,

Quem não lê,

Quem não ouve música,

Quem destrói o seu amor-próprio,

Quem não se deixa ajudar.


Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,

Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,

Quem não muda as marcas no supermercado,

Não arrisca vestir uma cor nova,

Não conversa com quem não conhece.


Morre lentamente quem evita uma paixão,

Quem prefere O "preto no branco"

E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,

Justamente as que resgatam brilho nos olhos,

Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.


Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,

Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,

Quem não se permite,

Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.


Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da

Chuva incessante,

Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,

Não perguntando sobre um assunto que desconhece

E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.


Evitemos a morte em doses suaves,

Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o

Simples acto de respirar.

Estejamos vivos, então!»


de Pablo Neruda

2 comentários:

Gonçalo Carito disse...

grande pablo neruda =)

Joana disse...

hihi : ) E não é que estava de viagem nesta altura... e passados uns dias a visitar uma das casas onde viveu Pablo Neruda ! Como estás Joãozinho ? Abraço